Espiritualidade

Qual a importância de uma espiritualidade conjugal?

Uma graça que santifica o casal

 
Espiritualidade significa viver segundo o Espírito. Espiritualidade conjugal é aprender, do Espírito, como viver conjugado, unido, é para ser vivida na carne, situada no tempo e no espaço, é concreta, dinâmica. É uma espiritualidade encarnada, uma graça que santifica o casal não apesar da vida conjugal, mas por meio dela. A vida conjugal torna-se instrumento e meio de vivência e expressão da espiritualidade.

Podemos falar em espiritualidade conjugal exatamente porque foi o próprio Deus que, ao longo das páginas da Sagrada Escritura, se apropriou dessa imagem para expressar e manifestar seu infinito amor pela humanidade. O amor conjugal precisa ser anúncio explícito do amor apaixonado de Deus pela humanidade.

Não existe nenhum amor mais intenso e profundo do que o amor conjugal. O envolvimento amoroso de um casal é o mais pleno que existe, pois implica corpo, alma, coração, sentimentos, emoções, sangue e sonhos. Tudo isso porque Deus o fez instrumento de revelação do seu amor por nós.

O maior objetivo da espiritualidade conjugal é ajudar o casal a vencer a indiferença religiosa do ser humano moderno. Não existe praga pior do que a indiferença, que é sempre egocêntrica e infantilizadora. O indiferente religioso não é contra Deus nem contra as religiões, ele é sempre a favor de si mesmo. Pior do que a idolatria é a egolatria.

Muitos pensadores e filósofos previram o fim das religiões. Os grandes pensadores ateus anunciavam para breve o fim da era da dependência religiosa, ópio do povo, cachaça de má qualidade, infantilismo psicológico, instrumento de dominação capitalista e reflexo do primitivismo humano, que não conseguia explicações e soluções científicas para os problemas. Freud, Marx, Nietzsche, Ferbauch, Comte, Simone de Beauvoir e tantos outros que apregoaram o fim dessa praga chamada religião.

Todas as suas previsões deram em nada. Nunca o mundo buscou tanto o alimento para sua alma. Apesar de todos os progressos tecnológicos e científicos, o homem do século XXI é profundamente religioso, embora, muitas vezes, sua experiência religiosa não vá além de princípios irresponsáveis de autoajuda. Não tenho dúvida de que toda busca desenfreada pela autoajuda é transferência imatura da busca pela ajuda do Alto.

A espiritualidade conjugal, e como consequência a espiritualidade familiar, tem a grande missão de ajudar o ser humano moderno a encontrar os caminhos para essa ajuda do Alto.

A falta de uma espiritualidade conjugal tornou-se um dos grandes assassinos do amor. Sem a força do Alto, ninguém persevera no amor. Sem a força do Alto ninguém passa da paixão ao amor. Sem a força do Alto é impossível achar sentido para a vida conjugal.


Padre Léo, scj

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=13290
 





Espiritualidade Conjugal e o

Sacramento do Matrimônio



O papa João Paulo II, num discurso aos bispos americanos sobre o caráter sagrado do matrimônio dizia:

A vida da família é santificada pela união do homem e da mulher na instituição sacramental do matrimônio. Por conseguinte, é fundamental que o casamento cristão seja compreendido no seu interior sentido e seja apresentado ao mesmo tempo como uma instituição natural e como uma realidade sacramental”.

Para compreender o sacramento do matrimônio em sua plenitude, é preciso entender que o matrimônio é ao mesmo tempo:

1. Um Sacramento;
2. Um sistema de valores;
3. Uma comunidade;
4. Um itinerário espiritual.

A relação do homem e da mulher no casamento é comparada ao amor de Jesus por sua esposa, a Igreja. Jesus passou a sua vida terrena ensinando e praticando os valores fundamentais nas relações humanas. Ele primava pela importância de se constituir comunidade. Ele mesmo nos mostrou que sua relação com o Pai e o Espírito Santo é “uma comunhão de amor”.

Para compreender a relação conjugal como relação de amor, precisamos estar abertos para entender a relação de amor que há entre as pessoas da Santíssima Trindade.

Desde o princípio da criação Ele os fez homem e mulher. Por isso o homem deixará o seu pai e a sua mãe, e os dois serão uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe” (Marcos 10, 6-9).

Para o casal cristão, é importante viver o casamento como um sacramento. Num primeiro nível, o casamento sacramental entre cristãos celebra e proclama a íntima comunhão de vida e amor entre o homem e a mulher. Num nível mais profundo, a comunhão de vida e amor entre o homem e a mulher torna explícita e manifesta a íntima comunhão de vida, amor e graça que une Cristo a seu povo – a Igreja.

Recordando um pouco a história
Desde os tempos mais remotos, o casamento tem sido uma relação institucional e, a família, a unidade básica para a comunidade humana e para a continuidade e transmissão das heranças na sociedade.

A Sagrada Escritura fala constantemente deste assunto, desde Gênesis até as Bodas de Caná. Porém, foi Santo Agostinho, no século V, que enunciou os elementos e as obrigações, que mais tarde se tornam os fundamentos do sacramento.

Para Santo Agostinho, os três elementos essenciais do casamento eram: fidelidade, descendência e sacramento.

O Catecismo da Igreja Católica vai formular os três elementos essenciais da seguinte forma:

1. A unidade e a indissolubilidade do casamento;
2. A fidelidade do amor conjugal;
3. A aceitação da fecundidade. (C.I.C. 1644-1652)

Hoje em dia, acentua-se mais a importância do relacionamento mútuo e a maneira pela qual homem e mulher devem se amar e viver o cotidiano da vida conjugal.

Santo Tomás de Aquino, no século XIII, afirma que “a forma do matrimônio consiste na união inseparável dos espíritos, num casal engajado, numa amizade fiel”. Enquanto a procriação era considerada a finalidade primeira do casamento, não se dava muita importância no relacionamento do casal.

Foi somente nos últimos cinqüenta anos que o relacionamento do casal começou a ser aceito como sendo também uma finalidade primeira, de nível semelhante ao da procriação.

Deus é amor, e os que vivem no amor vivem em Deus”. (1João 4,16)

O matrimônio como comunidade
A vida da família é freqüentemente descrita como uma “Igreja Doméstica”. O matrimônio tem uma dimensão comunitária e não individual, por que só pode ser recebido por um casal, que constitui uma comunidade. Essa dimensão comunitária do matrimônio se estende à família e à sociedade. O amor conjugal é um amor para o outro e deve ser expressar na entrega total e incondicional.

Pe. Caffarel, fundador das Equipes de Nossa Senhora, movimento de espiritualidade conjugal afirma o seguinte:

Este sacramento tem a característica de o seu sujeito não ser o indivíduo como nos demais sacramentos, mas sim o casal como tal. Com efeito, ele funda, consagra, santifica essa pequena sociedade, única em seu gênero, constituída pelo homem e pela mulher casados”.

Karl Rhaner, um grande teólogo católico, descreve o relacionamento no casamento do seguinte modo:

Como é o amor de Deus que sustenta a Criação, que dá a vida e o amor aos seres humanos e que atrai tudo a Deus por esse amor, o amor entre duas pessoas pode levá-las a alcançar o outro no nível mais profundo do seu ser”.

O Código de Direito Canônico assim fala sobre o matrimônio:

“A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole natural ao bem do casal, à geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento”.

Promessa mútua e dom da pessoa
O Sacramento do Matrimônio é uma promessa recíproca e a realização desse compromisso durante toda a vida do casal. Isso significa que o Senhor se torna presente por sua graça de uma forma nova e mais profunda no próprio momento da troca das promessas.

Significa também que Cristo se torna presente toda vez que os esposos mantiverem essas promessas, cada vez que se unirem, que se ajudarem, que se perdoarem e cada vez que se voltarem para os que estão em torno deles.
O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Gaudium et Spes, afirma que:

O Salvador e Esposo da Igreja vem ao encontro dos cônjuges cristãos pelo sacramento do matrimônio. Permanece daí por diante com eles a fim de que, dando-se mutuamente, se amem com fidelidade perpétua, da mesma forma como Ele amou a sua Igreja e por ela se entregou” (GS, 48).

Vamos pensar um pouco?1. Na qualidade de casal, quando tomam consciência da verdadeira presença de Cristo em suas vidas?
2. Como a percepção dessa presença de Cristo na vida conjugal muda o comportamento do casal?
3. “Comprometer-se por toda a vida é pertinente e necessário ao caráter sagrado do casamento”. Reflita sobre como isso é importante e qual a resposta como casal.
 
Pe. Cristiano Marmelo Pinto


Fonte: http://pecristianomarmelo.blogspot.com.br/2011/02/espiritualidade-conjugal-e-o-sacramento.html#!/2011/02/espiritualidade-conjugal-e-o-sacramento.html




A Eucaristia e a Espiritualidade Conjugal
Pedro e Glorinha, P.Familiar
 

Lembrando o querido e saudoso João Paulo II na conclusão do documento Ecclesia de Eucharistia , " cada esforço de santidade, cada iniciativa para realizar a missão da Igreja, cada aplicação dos planos pastorais deve extrair a força de que necessita do mistério eucarístico e orientar-se para ele como o seu ponto culminante. Na Eucaristia temos Jesus, o seu sacrifício redentor, a sua ressurreição, temos o Dom do Espírito Santo, a adoração, a obediência e o amor ao Pai. Se transcurássemos a Eucaristia, como poderíamos dar remédio à nossa indigência?"
Na Carta Apostólica "Mane nobiscum domine", João Paulo II deixa-nos como preciosa herança espiritual sua exortação a valorizar a alegria do encontro fraterno, o sacrifício da nossa aliança pela entrega de Cristo, o penhor de vida feliz, que nos mantém firmes na esperança em meio às vicissitudes quotidianas."
A exortação Apostólica "Familiaris consortio" afirma que no projeto de Deus "a vocação universal à santidade é dirigida também aos cônjuges e aos pais cristãos."
O sacramento do matrimônio que retoma e especifica a graça santificante do batismo é a fonte própria e o meio de santificação dos cônjuges. Portanto, o SIM pronunciado pelos dois não é algo passageiro. É o portal que introduz a uma vida permanente de santificação mútua. O Dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do matrimônio, mas acompanha os cônjuges ao longo da sua existência. Jesus permanece com eles, para que, assim como Ele amou a Igreja e se entregou por ela, de igual modo os cônjuges, dando-se um ao outro, se amem com perpétua fidelidade.
Por esse motivo, os esposos cristãos são fortalecidos e como que consagrados em ordem, aos deveres do seu estado por meio de um sacramento especial, cumprindo a missão conjugal e familiar, penetrados do espírito de Cristo que impregna toda sua vida de fé, esperança e caridade, avançam sempre mais na própria perfeição e mútua santificação e cooperam assim, juntos para a glória de Deus. (DPF 303)
Não se pode construir uma espiritualidade conjugal e familiar esquecendo-se das tarefas primordiais próprias da vida conjugal e familiar.
"E como do sacramento derivam para os cônjuges o Dom e a obrigação de viver no quotidiano a santificação recebida, assim do mesmo sacramento dimanam a graça e o empenho moral de transformar toda a sua vida num contínuo sacrifício espiritual" (FC 56)
O amor conjugal precisa crescer no mesmo ritmo que o amor a Deus. Para crescer, tem que renovar-se. Santo Agostinho diz que o amor não pode parar; se não se renova o combustível, o fogo do amor se apaga.
O sacramento do matrimônio coloca Jesus entre os esposos, de tal forma que quando se amam, estão amando a Cristo e quando dialogam, estão dialogando com Cristo, pois o Senhor os escuta e lhes responde com a sua graça e a sua ajuda. Até mesmo a sexualidade ordenada para o amor conjugal " se torna um sinal e um penhor de comunhão espiritual." (CIC 236)
Os que foram chamados por Deus para formar um lar devem amar-se com aquele amor entusiasmado dos primeiros tempos, lembrando-se sempre que "O que Deus uniu, o homem não separe." (Mt 19) Não podem se abalar quando chegam as dores e as dificuldades. O espírito de sacrifício, o amor à cruz é indispensável para o crescimento da espiritualidade conjugal.
Devemos lutar para vencer o egoísmo que nos leva a pensar que só nós estamos certos; abrir os olhos e a mente para compreender o outro, aceitar suas limitações e seus defeitos.

Eucaristia e espiritualidade conjugal

A Eucaristia é "fonte e ápice de toda a vida cristã" . Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a Santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, a nossa Páscoa." ( CIC 1324)


Espiritualidade conjugal : Espiritualidade não quer dizer alguma coisa desencarnada, ou uma realidade vivida apenas por sacerdotes, religiosos e místicos. Não é distante da realidade. Por sua espiritualidade conjugal o casal exprime ajuda mútua na busca de Deus, completa-se, um se apóia no outro, um é responsável pelo crescimento espiritual do outro, passa valores cristãos para os filhos e para o mundo. Ponto importante da vivência espiritual é a Eucaristia e a recepção regular e consciente dos sinais dos sacramentos, a caridade, a prática da justiça, a vivência da partilha e da oração.
Para alimentar nossa espiritualidade, devemos ter um cantinho de oração no lar, práticas de piedade( orações antes das refeições, ângelus, terços, etc.)
A vida sacramental é indispensável para a espiritualidade conjugal e familiar. Segundo expressão do concílio Vaticano II, "o centro e a raiz da família é a Eucaristia". Ela é a fonte própria do matrimônio cristão. Representa a aliança de amor de Cristo com a Igreja. E é neste sacrifício que os cônjuges cristãos encontram a raiz da qual brota a sua aliança conjugal.
Sabemos dos desafios e das ameaças sofridas pela família no mundo de hoje. Vamos fazer uma pequena reflexão sobre a situação da família:
Há quase 04 décadas, havia um modelo único de família. Ela era patriarcal, numerosa, marcada pelo padrão cristão de uma sociedade rural, onde a mulher apenas se dedicava aos serviços domésticos e aos cuidados com os filhos; as únicas informações que os filhos recebiam eram dos pais e avós. Veio a era industrial, o êxodo rural, a revolução feminista, o uso dos anticoncepcionais, e a globalização. Um fator importante nessa transformação é o ingresso da mulher na Universidade e no mercado de trabalho; para tanto, apesar de galgar aos poucos a sua independência, submete-se à dupla jornada de trabalho: fora de casa no escritório, na empresa, no consultório e dentro de casa, nos serviços domésticos. A ausência da mulher em casa interfere na interação com os filhos que vêem-se submetidos à influência da mídia, notadamente da TV que está em todos os lares e ainda a internet, os videogames, com cenas de violência, sexo e erotismo exagerados, amplamente difundidos pelos programas de auditórios, novelas, Big Brothers, e outros .
A família tem passado por uma grande transformação. As relações e expectativas mútuas entre pais e filhos, os laços entre irmãos, o senso e a imagem da família perdem sua confortável imobilidade. Os firmes valores do passado se esvaziaram. As convicções políticas, os amores patrióticos, a certeza das virtudes e a fé na recompensa são esteios que o homem vê desmoronar em guerras, corrupções e injustiças.
A Exortação apostólica Familiaris Consortio na sua primeira parte já nos falava de luzes e sombras da família de hoje.
 
São muitas as sombras que se transformam em verdadeiros desafios para a família:
  1. o impacto do secularismo e do indiferentismo religioso sobre a família (o secularismo que nos propõe uma civilização de consumo, o hedonismo, a ambição de poder e a indiferença religiosa que pode trazer como consequência para a sociedade e a família uma conduta social baseada no relativismo ético)
  2. A má influência dos meios de comunicação (é necessário que os pais despertem nos filhos o senso crítico para discernir o que é bom e o que não é, e não se deixem massificar pela mídia e seus programas nocivos, que desvalorizam a família e favorecem o consumismo e os contra valores)
  3. Os ataques à vida (descriminalização do aborto / uso de células tronco embrionárias) (A Declaração sobre EXIGÊNCIAS ÉTICAS EM DEFESA DA VIDA da 43ª Assembléia Geral da CNBB nos adverte sobre iniciativas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário contra a vida humana, manifestando sua discordância com essas posições dos Poderes Públicos. )
  4. O número crescente de separações e divórcios (fato preocupante em nossos dias, que nos diz que é mais necessária do que nunca uma boa preparação para o matrimônio e para a vida familiar, desde uma preparação remota até o acompanhamento aos recém-casados)
  5. A carência econômica (desemprego, miséria e fome) (constitui também uma ameaça às famílias, pois sabemos que em muitas faltam os meios essenciais para a sobrevivência, como o alimento, o trabalho, a habitação, os medicamentos, o que traz a falta de esperança numa mudança de políticas públicas ou de reformas indispensáveis para conseguir-se a mínima dignidade humana)
  6. A dificuldade dos pais em educar os filhos em lhes transmitir valores (muitos pais hoje se encontram perdidos pelas mudanças sociais que propiciam uma nova cultura, que influi nos hábitos, valores e comportamentos. Não conseguem impor limites aos filhos, deixando-os também desnorteados)
  7. A falta de tempo e do diálogo familiar (Hoje a competitividade nos faz correr e os pais não têm mais tempo para conviver com os filhos no dia-a-dia. A modernidade colabora para o individualismo, o egoismo, a solidão familiar, onde cada filho tem uma televisão ou computador no quarto, o que impede o diálogo )
  8. Uma errada concepção teórica e prática da independência dos cônjuges entre si (Como hoje também a mulher trabalha fora de casa, criou-se uma independência entre marido e mulher, deixando de lado muitas vezes a união conjugal, a cumplicidade, a troca)
  9. As graves ambigüidades sobre a relação entre pais e filhos ( Há inversão ou mesmo deterioração de valores, que desintegram a comunhão familiar )
  10. O elevado número de gravidez na adolescência (O Jornal Estado de Minas publicou estatística em que afirma que 53% de adolescentes de 10 a 14 anos têm sua primeira relação sexual, o que implica no aumento da gravidez precoce, com graves consequências)
  11. O perigo das drogas e outros vícios (São um mal da nossa época, e que tem destruido tantas famílias, notadamente o álcool e outras substâncias )
  12. Outras...
Sendo a família um sistema semi-aberto, ela tem sua estrutura, sua organização, mas sofre as influências externas.
O documento da 43ª Assembléia Geral dos Bispos "Evangelização e Missão Profética da Igreja" nos diz que "A missão da Igreja está unida à leitura dos 'sinais dos tempos', isto é, ao conhecimento dos principais desafios que a vida individual e coletiva deve enfrentar. A avaliação do momento histórico em que vivemos revelou três conjuntos de questões e para cuja solução a Igreja é chamada a contribuir com as luzes da revelação e em especial, os valores do Evangelho.
O primeiro conjunto refere-se às profundas mudanças que tem suas raízes na crise da modernidade. Influenciaram nessa crise o processo de globalização voltado para o mercado, o lucro e o desenraizamento cultural das populações rurais. Deu-se forte alteração na hierarquia de valores, imperando o subjetivismo e a 'ditadura do relativismo'. Há um pluralismo cultural e religioso que caracteriza nossa época.
O segundo conjunto refere-se à exclusão social e nos adverte que é preciso procurar a raiz da exclusão que está na inversão de valores, onde predomina a busca do maior enriquecimento e desrespeito à dignidade humana.
O terceiro conjunto focaliza o avanço da Biotecnologia e as perguntas que surgem sobre a perspectiva ética. E nos afirma que a Igreja é ética ao reconhecer os avanços da ciência e ao afirmar a inviolável dignidade da pessoa humana desde o primeiro momento da concepção. Anuncia o Evangelho da vida recordando que nem tudo que é cientificamente possível, é éticamente permitido, uma vez que o fim não justifica os meios.
A família não pode ficar alienada desta situação tão alarmante. Ela é importante e tem uma missão no mundo:
As Sagradas Escrituras nos dizem que a família estava nos planos de Deus Criador. O livro do Gênesis abre-nos a esta verdade, quando referindo-se à constituição da família afirma que "o homem deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne"(Gn 2,24)
No Evangelho de Mateus, 19,6, Cristo enuncia:"Portanto, já não são dois, mas uma só carne. Pois bem, o que Deus uniu, o homem não separe."


A Constituição Federal no seu art. 226 assim diz: "A família é a base da sociedade"
"A família tem início na comunhão conjugal, que o Concílio Vaticano II classifica como 'aliança', na qual o homem e a mulher 'mutuamente' se dão e recebem um ao outro" (Carta às famílias 7 )
"A família cristã é chamada a santificar-se e a santificar a comunidade cristã e o mundo" (FC55)
"A família, de fato, pode e deve se tornar lugar privilegiado para realizar essa missão evangelizadora." ( Dir.PF 361)
"A Igreja doméstica é chamada a ser um sinal luminoso da presença de Cristo e do seu amor mesmo para os afastados, para as famílias que ainda não crêem e para aquelas que já não vivem em coerência com a fé recebida. É chamada "com o seu exemplo e com o seu testemunho a iluminar aqueles que procuram a verdade." (DPF 362 - AA, n 30 e FC54)
"Cristo quis nascer no seio da Sagrada Família de José e Maria. A Igreja não é outra coisa senão a 'família de Deus.' (Cat. 1655)
"Diante do perigo da massificação, o indivíduo tem ainda na FAMÍLIA um apoio fundamental, embora ela também esteja menor, reduzida ao seu núcleo, mais frágil e exposta a rupturas." (Doc.71, 52)
Como vemos, existem sombras, mas também existem luzes. E é nossa missão como família, transmitir aos jovens os valores essenciais da família, pelo testemunho e pelo exemplo.
E diante das sombras, temos na introdução da Carta apostólica Mane nobiscum domine:
"Por entre as sombras do dia que findava e a obscuridade que pairava na alma, aquele Viajante era um raio de luz que fazia despertar a esperança e abria os seus ânimos ao desejo da luz plena. 'Fica conosco´- suplicaram. E Ele aceitou. Pouco depois o rosto de Jesus teria desaparecido, mas o Mestre permaneceria sob o véu do 'pão partido', à vista do qual se abriram os olhos deles."
O Diretório da Pastoral Familiar nos coloca a Missão da família:
  1. Viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas
  2. Ser santuário da vida, servidora da vida, já que o direito à vida é a base de todos os direitos humanos
  3. Ser célula primeira e vital da sociedade, por natureza e vocação. ( DPF, 449)
Como fazer isso?
Primeiro : em casa, educando os filhos na fé, num ambiente de diálogo, respeito mútuo e oração. ( testemunho )
Incutir neles os verdadeiros valores, muitas vezes contrários aos valores do mundo: o valor da moral, da ética, da religião. Segundo Kant, filósofo alemão, a ética é oriunda do interior da pessoa, é um procedimento arraigado no íntimo, por isso mesmo praticamente impossível de ser extinto. A ética basta a si mesma. Não precisa de argumento que a justifique. O sujeito é ético, pronto e acabou. Onde os jovens de hoje, futuros homens de amanhã vão aprender quem é Deus, o que é dignidade, o que é Ética, se não aprende com seus pais?
Segundo: através da Pastoral Familiar (adolescentes, jovens, namorados, noivos, casais...)
Podemos ser sal e luz do mundo para outras famílias que ainda não conhecem Cristo, que ainda não vivem em paz.
"A família é luz, alegria e esperança" assim afirmou o Papa João Paulo II no primeiro encontro mundial do Santo Padre com as famílias, em 1994, em Roma. Não podemos perder a fé e a esperança de que a família será de fato responsável pelo futuro da humanidade.
A família , na individualidade de todos os seus membros e no conjunto de todos eles, é imagem da SSMA.Trindade e tem como modelo a Família de Nazaré.
Temos que tomar consciência da nossa missão e superar o medo. Seguir o que Maria pediu nas Bodas de Caná: "Fazei tudo o que Ele vos disser."
Jesus manda que as ondas se acalmem e diz aos apóstolos: "Por que vocês têm medo? Não tenhais medo!"
Somos convidados a participar de uma sociedade justa e solidária, de um mundo de paz. Vamos transformar o desânimo em esperança, as famílias com medo em lares de fé; as famílias que vivem em solidão em lares de amor, solidariedade e comunhão; famílias em desalento em lares de esperança.
E os nossos Bispos nos trazem uma mensagem de esperança ao final do documento da 43ª Assembléia:
"Diante dos desafios, a missão é de enfrentá-los, contando com o auxílio divino; na certeza de que é possível acolher e desenvolver os avanços e rejeitar, com discernimento, os pseudo-valores. O cristão tem a certeza da presença e da ação de Jesus Cristo na História e crê na promessa de vida eterna e feliz."
Não devemos ter medo do futuro. Em Mateus 28,20, é o próprio Cristo que nos diz: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo."
Dando à Eucaristia todo o realce que merece e procurando com todo o cuidado não atenuar nenhuma das suas dimensões ou exigências, damos provas de estar verdadeiramente conscientes da grandeza deste Dom. Nos sinais humildes do pão e do vinho transubstanciados no seu Corpo e Sangue, Cristo caminha conosco como nossa força e torna-nos testemunhas de esperança para todos.
Façamos nossos os sentimentos de Santo Tomás de Aquino, teólogo e cantor apaixonado de Jesus Eucarístico, e deixemos que o nosso espírito se abra também na esperança e contemplação da meta pela qual suspira o coração, sedento como é de alegria e de paz:
"Bom pastor, pão da verdade, tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade, extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.
Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida, seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu. "

 
 
 
Concluimos com um pronunciamento do Papa Bento XVI após ser escolhido como sucessor de Pedro:
"Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiados em sua ajuda permanente, sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, sua Santíssima Mãe está do nosso lado. "
(Palestra proferida no XI Encontro Regional de Diáconos e Esposas do Leste II, outubro/2005)

Fonte: http://www.cnd.org.br/outros-colaboradores/331-a-eucaristia-e-a-espiritualidade-conjugal




O VALOR DA SANTA MISSA PARA A FAMÍLIA


Consideramos de suma importância meditarmos e vivermos com intensidade o valor da Santa Missa em nossos lares. Pois como poderemos viver com sabedoria, equilíbrio e entendimento entre pais e filhos, se isto não nos for dado pelo Senhor? Ele deseja estar conosco, participar de nossas vidas, decisões e diálogos. Quer nos orientar para o melhor caminho, mas tudo depende de nossa abertura a acolher para o quê Ele nos orienta.
É sempre fácil seguir o caminho do Senhor? Sabemos que não, temos nossas lutas e às vezes desanimamos em meio ao mundo que quer nos arrastar para tantas outras coisas, mas desistir será o melhor?
Em tantas coisas não sabemos o que dizer e como a agir, mas a Palavra saberá nos orientar. Para tanto é preciso que permitamos que Deus seja o Mestre e Senhor em nossa casa. Se o permitimos Ele nos educa e com certeza tomaremos decisões acertadas.

 
Muitas vezes também queremos que tudo se resolva de uma hora para outra. A velocidade alucinante do mundo não deve se antepor em nossas decisões, especialmente as mais importantes. Ore, pense e decida com tranquilidade.
Um Padre falando da importância da Missa para a família disse em uma de suas homilias: "A Eucaristia é o banquete da família!" Conseguimos mergulhar na profundidade desta frase? Se o próprio Cristo que se faz presente num pedaço de pão na Santa Missa é o Banquete, ou seja, o que há de melhor, como poderei eu e minha casa ficarmos sem a Santa Eucaristia? Como poderei eu conduzir bem minha vida sem o Meu Senhor comigo? Como poderei dar o melhor aos da minha casa, se Ele não está resplandecendo Seu Rosto em mim?

 
Banquete, é a melhor das refeições! E especial, pois quando queremos fazer para os nossos, não é de qualquer modo que preparamos. É para ocasiões festivas. Sendo assim, a Santa Missa é especial, é uma festa! Ao mesmo tempo que celebramos o sacrifício de Jesus, também contemplamos Sua Glória que vence a morte para nos salvar, para nos levar todos para o Pai.
Irmãos e irmãs, Deus nos quer tanto! Nos ama tanto! Como poderemos desprezá-lo? Como poderá Ele preparar um Banquete e nós não irmos?

 
Participemos com amor e fervor da Santa Missa e cultivemos em nossos filhos a paixão por Cristo e pela Igreja!

Família Silva de Oliveira


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